Thursday, March 23, 2006

"As duas mulheres".

As duas mulheres

As duas mulheres entraram juntas, abraçadas. Juntas, porém, com dezoito anos de diferença. Encostaram junto à porta.
Tensas de ansiedade, a mais velha afastava todo e cada fio de cabelo, enquanto tocava sutilmente a ponta da língua na nuca da outra, que tremia os lábios de prazer.
Esta, a mais nova, virou-se logo, e tomou para si a boca da outra, e tudo mais o que podia agarrar com suas mãos, braços e pernas.
Ardiam! E agora ambas tremiam não só os lábios, mas o corpo inteiro, num bem-estar inexplicável.
Aquela mais nova atreveu-se a levantar o mais que pôde a comprida saia que cobria os dois maiores, senão únicos desejos que habitavam sua alma naquele momento. Ao perceber que qualquer efeito seria o menor, rasgou mais do que pôde o pano que separava seus olfato e paladar das duas deliciosas pernas que se ofereciam, com toda a pele eriçada.
Partiu, como se lambesse um doce, dos dedos dos pés aos calcanhares. Dos calcanhares, passando pelos joelhos, chegou às mais deliciosas juntas e dobras de pele que existem na espécie humana.
Chupou! Chupou como nada, enquanto a outra já gritava, sentindo o indescritível.
Desse ponto em diante, os pensamentos tornaram-se inconscientes para as duas. E até o próprio inconsciente já não mais existia. Pensamentos, inconsciência e sentimentos renunciaram e cederam seus lugares aos sentidos.
O que se passou depois disso...

Impossível descrever o que se passou depois disso!

Quando os infernos se acalmaram nos dois corpos, recompuseram-se, remendaram todas as roupas e apenas um olhar coincidiu entre seus olhos.

Como era tarde, muito tarde, pouquíssimas almas vivas presenciaram todo este passado num dos vagões do último trem do metrô.

Quando chegaram em casa, as mulheres, mãe e filha, uma em cada face e novamente juntas, beijaram o rosto do único homem de suas vidas. O marido e pai que, ansioso, esperava duas de suas mulheres, que voltavam das compras.

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