Wednesday, March 15, 2006

Resistência

A mulher evitava o contato visual, possível pelo reflexo do vidro do vagão do metrô estacionado no subsolo desta grande metrópole.
O outro par de olhos caçava-a , pelo vidro, assim como as pernas e os seios faziam, pelo toque, comprimindo-se constante e fortemente por trás daquela mulher, neste tal vagão ensardinhado de gente, tão cheio que mal era possível um mínimo movimento dos seres que ali se expremiam.
Além desta tal ousadia, a boca da outra mulher não se contentava nunca com as tantas e tantas e tantas declarações e propostas que sussurrava aos atentos ouvidos da primeira Tudo segredado pelo burburinho imponente e irritante das outras gentes do vagão.
A primeira estava quase a ponto de se entregar, quando seu ponto chegou.
A outra mal percebeu quando aquela saiu. Não chegou a fazer diferença...
Esta outra foi para casa e dormiu como uma perfeita e exemplar mãe de família.
Aquela primeira não dormiu, nem deu descanso ao marido. E enquanto cavalgava sem cessar naquele (corpobjeto) corpo-objeto seu e sacramentado, não cansava e nem parava de gritar:
- Vai Valquíria! Mete com força, Valquíria!!!

O marido nada entendeu...
Mas também não reclamou!!

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